quarta-feira, 4 de julho de 2012

Jay-Z, Kanye West e a recuperação da rebeldia enquanto mercadoria



1. Até o maisntream apela para a rebeldia. Mas só apela na medida em que pode transformá-la em mercadoria. 

2. Só recupera a rebeldia para o sistema como estratégia de marketing e não como estratégia revolucionária.

3. A recuperação da rebeldia se dá nos limites de estratégia de venda, jamais podendo ultrapassá-la. 

4. A ultrapassagem significaria um golpe nas vendas e no calculo custo-benefício. Significaria o próprio questionamento da mercadoria.

5. Rebeldia sim, mas só até o ponto em que ela faz a  juventude occupy wall street e indignada voltar aos centros financeiros, agora não mais para rebelar-se, mas para comprar cds.

6. É apenas o mercado sequestrando a estética dos protestos para atingir suas metas de venda.


Lixo Jovem, julho de 2012

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Mod Revival: pós punk, gangues e Margareth Thatcher



No one really had expected the mod phenomenon to achieve a second coming, but in the late summer of 1979, parkas, scooters and target T-Shirts were once again a regular sight in the High Streets of Britain.
Chris Hunt , NME, 2005

This is Mod é uma série em seis volumes indicada pra quem deseja conhecer um pouco do que foi o final dos anos 1970 e início dos 1980 em termos musicais na Inglaterra pós punk. Nessa época o thatcherismo (referência a Margareth Thatcher) dominava a Inglaterra, entrava em ação o projeto piloto do neoliberalismo que depois se tornaria um padrão mundial, marcado basicamente pela privatização, combate ao sindicato de trabalhadores e de conquistas trabalhistas como salário mínimo. O mod revival foi praticamente um retorno da estética mod dos anos 1960, só que no clima de erosão dos direitos sociais dos anos 80,  adicionada de influências musicais pub rock, punk, new wave, ska, soul, reggae e rhythm and blues. Esse retorno aos anos 60, mas marcado por novas influências foi melhor sintetizado pelo The Jam. Esse revival foi paralelo ao surgimento de outros segmentos subculturais juvenis na Inglaterra como os Casuals, uma derivação oitentista do holliganismo clássico britânico de décadas anteriores, que se diferenciavam de seus avós hooligans e skinheads basicamente pela preferência a roupas esportistas do tipo casacos e tênis da Adidas. Os casuals foram musicalmente influenciados por esse revival mod.

Lixo Jovem, maio de 2012.



Escutar: This is Mod, Vols. I (1995), The best of (1998).

Assistir: Alwaysdays (Pat Holden, 2009, UK); The Firm (2009, Nick Love, UK).

Ler: Awaydays (Kevin Sampson, 1998).

Carty (Nicky Bell) à esquerda e Elvis (Liam Boyle) à 
direita em Awaydays (2009). Elvis está vestido dentro 
dos padrões do mod revival.

Bex (Paul Anderson) à esquerda, num momento 
mod revivalista na película casual The Firm (2009).




A banda contemporânea inglesa The Rascals toca All That Jazz do Echo and
The Bunnymen num clima mais mod revival.

Ver também:
Hooliganismo aplicado ao cinema

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Tristessa - Jack Kerouac



Santa Tristessa

Tristessa é uma narrativa urbana e poética em primeira pessoa acerca da paixão semi declarada do escritor Jack pela prostituta Tristessa e estruturada no ritmo das idas e vindas dos dois em busca de drogas e amor. Pode não ser uma história de amor, mas é com certeza uma história sobre amor. 

A trama se passa na Cidade do México dos anos 1950, mais precisamente em sua periferia e bocas de fumo, nos bairros populares precários sem saneamento habitados pela classe trabalhadora, mas também pelo lumpemproletariado, prostitutas e vagabundos. Tristessa, assim como outros livros de Kerouac é baseado na vida do autor mesclando elementos biográficos e ficcionais. A novela possui cinco personagens, as prostitutas Cruz e Tristessa, os viciados El índio e Old Bull e o narrador, o próprio Jack. Se livros como On The Road ou Dharma Bums são ambientadas em estradas, ferrovias e montanhas, a novela poética Tristessa se passa, na maior parte do tempo, em sujos ambientes de quatro paredes habitados por viciados em busca de uma dose. Toda a novela é impregnada por um clima junk de chapação, drogas, alcoolismo, embriaguez, desorientação mental, enjoo e vomito, numa narrativa frenética marcada por espanholismos e uma construção literária entre a prosa e a poesia que em certos trechos lhe fazem lembrar o poema Uivo de Allen Gisnberg.

Nesta novela estão presentes os elementos costumeiros da escrita de Kerouac como o cristianismo e sua aproximação com o budismo, a junção entre profano e sagrado representado por Tristessa, uma prostituta viciada católica praticante, diálogos semifilosóficos e semirreligiosos que desembocam na criação de alguma máxima zen budista do tipo “nascidos para morrer”, a presença de amigos pessoais do autor como personagens semibiográficos, neste caso William Burroughs como Old Bull. Tudo isso embalado por citações de músicas de Frank Sinatra.

Como dito no início do texto, essa pode não ser uma história de amor clássica, mas é uma história sobre amor, um amor de nossos tempos, um amor forte por uma figura frágil como Tristessa que você deve ter cuidado para não cortar os dedos ao tentar agarrá-la e quebrá-la como um copo sujo de uísque barato.

Lixo Jovem, 2012

domingo, 11 de março de 2012

Trailer de On The Road

 

 

 

 

 



Seja o que deus quiser...

quarta-feira, 7 de março de 2012

Jazz, doom jazz, ukulele e hooligans



Comecemos pelo ukulele. Essa é uma versão do clássico Rocksteady de Alton Ellis na bela voz dessa menina que posta vídeos no youtbe cantando e tocando ukulele. Poucas informações sobre ela na web, parece que atualmente atende pelo nome de Scampi.


Nesse vídeo o baterista be bop Max Roach apavora com suas mãos nervosas. Não se pode deixar de notar a poderosa e linda voz de Abbey Lincoln.


Isso aqui se chama doom jazz. Dale Cooper Quartet and the Dictaphones é uma mistura de ambient, jazz, eletrônica, trilhas sonoras, post e prog rock com aquelas "sensações de vazio" e desolação de tudo que acompanha a palavra doom. Não é o tipo de banda que você paga pra ver um show. É melhor escutar em casa sentado.


Entre os Vândalos - Se você gostou de Green Street Hooligans esse é o livro que você deve ler.

Trecho


Na esperança de evitar confusão, acomodei-me num assento de primeira classe, na parte mais dianteira de um vagão, defronte a um homem que havia pago por seu bilhete de primeira classe. Ele era esbelto e elegante, com um bigode fino, usava um terno de lã e sapatos lustrosos e caros: um tipo civilizado de camarada lendo um tipo civilizado de livro — um romance de capa dura com sobrecapa. um torcedor o estava fitando havia um bom tempo. Um torcedor que estava embriagado vez por outra acendia um fósforo e atirava-o em direção aos reluzentes sapatos do homem civilizado, na esperança de atear-lhe fogo às calças. O homem civilizado ignorava-o, porém o torcedor, bufando irritado, persistia. Era uma imagem eloquente: um dos desprivilegiados, ignorando os códigos de conduta civilizados, pondo em chamas, displicentemente, um membro da classe mais privilegiada.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Best of 2011 - lançamentos

                                                                  Clique para ampliar

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Mix Tape Teen Trash 2010 (com atraso, mas saiu)



Esse foi um material que compilei do que de melhor saiu em 2010 e que por vários contratempos não consegui postar no blog. Agora, com dois anos de atraso, chega aqui a MixTape Teen Trash 2010. Tem do "lo fi punk" do Wavves e No Age ao hardcore do OFF!, Faixa Preta e Double Negative, passando pelo power pop do Crusaders of Love e White Wires, o punk da Missfight e Masshysteri e o "neo shoegaze pop" de Las Robertas.

Track list

01. No Age - Fever dream
02. Crusaders of Lovo - Looking for us
03. Wavves - Take on the world
04. Las Robertas - History is done
05. White Wires - Let's go to the beach
06. OFF! - Darkness
07. Double Negative - Erase yourself
08. Faixa Preta - O problema é seu
09. Eddy Current Supression Ring - Gentlemen
10. Missfight - Carry on
11. De Hoje Haele - Sige hej
12. Masshysteri - Dom kan inte hora musiken

Mix Tape Teen Trash 2010


Mix Tape Teen Trash 2010

Lixo Jovem

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Em busca de si mesmo na América profunda




Vagabundos iluminados é mais um "livro de estrada" uma "road novel" de Kerouac, assim como On the road e Viajante solitário. O livro possui um enredo relativamente simples com poucos personagens. Alguns dizem que ele é um On the road zen budista, mais espirituoso, mais iluminado. Ele é em si mais religioso, com tentativas de conciliação entre Oriente e Ocidente, numa aproximação entre budismo e cristianismo. 

A novela foi lançada um ano depois do sucesso de On the road e mostra as andanças dos jovens universitários Ray Smith e Japh Rider vestidos com roupas baratas vendidas pelo Exército da Salvação, alimentados por boas refeições de vinte centavos em restaurantes de beira de estrada numa busca espiritual por trilhas em montanhas, rodovias e ferrovias estadunidenses, com um monte de andarilhos e demais vagabundos pelo caminho. Tudo isso embalado por conversas sobre zen budismo, o vazio, alpinismo, a verdade e a poesia. O livro possui várias descrições de paisagens e da natureza, o que as vezes o torna cansativo, a não ser que você tenha um interesse especial por naturalismo ou geologia. Apresenta também uma quantidade variada de cardápios para andarilhos, de feijão com carne de porco à frutas desidratadas. 

Além de todas as dicas de logística para mochileiros, poeminhas improvisados durante caminhadas e todo o papo furado zen budista sobre o sentida da vida, Vagabundos Iluminados é uma jornada espiritual e física à América profunda, a América popular, povoada por todos os tipos da classe trabalhadora do mar à terra, de caminhoneiros à estivadores. É uma trilha com passagens iluminadas e outras escuras de um jovem em busca de si mesmo.

Lixo Jovem,
fevereiro de 2012

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Void - tesouros perdidos do hardcore



A Dischord Records parece que anda vasculhando o arquivo da gravadora. Em 25 de outubro de 2011 veio a luz muitas sobras de gravação do Void registradas no início dos anos 1980. O disco, com o título de Sessions 1981-1983, saiu em formato vinil de 12" contendo 34 faixas, das quais 20 são tesouros perdidos da banda nunca antes lançados. O restante do material inclui 10 faixas gravadas e mixadas em 1981 no lendário Inner Ear Studios de Washington, material cortado da coletânea Flex Your Head (1982) e as canções que entraram no Ep Condensed Flesh (1992). De lambuja você ainda leva 2 out-takes do split vinil Faith/Void (1982) e mais duas faixas ao vivo de 1983. Todo a recompilação do trabalho do Void foi mixado pelo grande Ian MacKaye. Em setembro de 2011 também saiu material inédito do Faith, chamado Subject to Change plus First Demo. Essa compilação do Void é uma boa oportunidade para quem aprecia o hardcore original dos anos 80 na linha das gravadoras SST e Dischord. Tomara que a equipe da Dischord continue vasculhando os porões da gravadora. Quem sabe aparece alguma sobra do Out of Step do Minor Threat.

Lixo Jovem

Arthur Brown - Garage black metal em 1968



‎1968! Antes mesmo do Secos e Molhados, Kiss, Alice Cooper, Mercyful Fate e o Black Metal pintarem a cara!!!


I am the god of hell fire, and I bring you
Fire, I'll take you to burn
Fire, I'll take you to learn
I'll see you burn

Recomendação do Fernando JFL